28
out
13

Marcelo Jeneci brinda à vida no segundo disco

Lançar um disco melhor que Feito pra acabar (2010) não é missão fácil. O primeiro disco de Marcelo Jeneci lhe rendeu excelentes críticas e ótimas parcerias (a exemplo uma turnê com o Tremendão Erasmo Carlos). A pressão é evidente: como dar à luz a um trabalho melhor ou tão bom quanto?

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Após “hibernar no inverno rigoroso”, Marcelo Jeneci lança “De graça”. Diferente do primeiro disco, esse novo álbum é mais dançante e com mais pegada. São treze faixas que descrevem que a felicidade está nos momentos mais simples da vida, assim como canta em seu primeiro single que leva o nome do disco e que tem um ritmo à lá Caetano Veloso: “Que o bom da vida é de graça/ E ache graça/ Quem quiser achar/ É custo zero e mais valor que eu quero ver”. Combinando com o título, todas as canções podem ser ouvidas ‘de graça’ no site do cantor.

A belíssima voz da amiga Laura Lavieri permanece acompanhando Jeneci. O amigo da dupla, Arnaldo Antunes, somou sua criatividade às composições. Felizmente, Marcelo Jeneci não abre mão da sanfona que ainda é característica marcante e fica mais evidente nas combinações setentistas. A coprodução de Adriano Cinta (atual Madri e ex Cansei de ser sexy) trouxe a identidade indie rock e groove.

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De graça (2013) não é melhor que Feito pra acabar (2010). E não é pior. É diferente e é tão bom quanto! É um disco para se ouvir no carro com os vidros abertos e com a família ou ainda “chupando caju no pé”, como ele canta em “Sorriso madeira”, música criada após um sonho com Gilberto Gil.
“De graça” veio para celebrar a vida e para mostrar que a ideia de efemeridade – como aponta o nome do primeiro disco – não é verdadeira. A carreira de Marcelo Jeneci está apenas começando. E começando da maneira mais feliz possível.

24
set
12

A dúvida é a novidade de ¡Uno! do Green Day

Quando se fala em Green Day, existe um divisor de águas: o American Idiot. Antes disso, o trio californiano ficou famoso pelos discos sobre masturbação e minoria, a exemplo Dookie e Nimrod. Na crise de criatividade, o Green Day mira certo ao chamar a nação americana de idiota – e ainda tem gente que pensa que eles se venderam.

Após American Idiot, a banda insiste em mais uma ópera rock, dessa vez o 21st. Century Breakdown – menos famoso que o antecessor, mas com a mesmíssima qualidade em contar, ou cantar, uma história (anti) americana.

O Green Day lança agora o primeiro de uma trilogia: ¡Uno!. Antes do lançamento, a dúvida: o trio continua com ópera rock ou volta às raízes? Nesse primeiro – o trio ainda lançará ¡Dos! e ¡Tré! -, a resposta é voltada à nostalgia.

Se você sentia falta do Green Day ao modo Dookie de ser, aproveite. As três primeiras canções – “Nuclear family”, “Stay the night” e “Carpe diem” -, lembram o Green Day entre 1994 e 2003. O disco passeia em acordes mais simples, letras cruas e pegadas rock ‘n’ roll que lembram The Clash.

“Let yourself go” é um dos melhores momentos do disco porque lembra a linha tênue do punk rock e do pop californiano – esse último criado pelo próprio Green Day.

Erro, inovação ou testagem? Fica a dúvida ao ouvir “Kill the DJ”. Comparações com Franz Ferdinand são bem vindas nessa faixa dançante. O The Clash e o The Smiths sempre abusaram dos efeitos e das distorções e, aqui, o trio faz o mesmo – ainda que seja considera influência indie. Se existe erro, é inserir a faixa descontextualizada em ¡Uno!.

“Oh love”, primeiro single do disco, encerra o álbum. É a faixa que mais lembra o Green Day antecessor, ou seja, 21st. Century Breakdown e pode ser considerada a música mais chatinha.

Não resta dúvida que o Green Day é uma banda com marco divisório e cabe ao fã aceitar ou não que existem duas histórias no trio californiano – a masturbação nunca esquecida em Dookie e as críticas americanas também nunca esquecidas em American Idiot. ¡Uno! é apenas um dos três discos. Ainda é cedo para fechar essa resenha. 

por Misael Mainetti

26
ago
12

As velhas novidades de Esteban

Ao longo da carreira da Fresno, Rodrigo Tavares já se dedicava ao trabalho solo: Esteban. Finalmente, depois de muitos capítulos dessa novela “quando será lançado o disco?”, o projeto se concretiza e é disponibilizado gratuitamente via internet.

¡Adiós, Esteban! é meticulosamente trabalhado; os arranjos e todos os detalhes parecem escolhidos a dedo. São as “velhas novidades” de Esteban numa roupagem nova. O cantor já havia lançado a maioria das músicas, durante os últimos anos, em versões mais cruas e que já estão na ponta da língua dos fãs.

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O projeto nada tem a ver com as canções da Fresno. É um novo estilo adotado nesse alter ego de Tavares. Os ritmos passeiam pela música popular brasileira contemporânea (?) – tem até bossa nova e blues com a participação de Humberto Gessingerdo Engenheiros do Hawai – e um quê de influência do grande músico argentino Gustavo Ceratti.

Trata-se de um trabalho muito feliz do músico Rodrigo Tavares. É o ápice da criatividade do artista registrado num disco marcado por letras melancólicas, afinal, todo artista trata do amor de uma forma diferente e é esse o resultado: uma forma diferente de cantar sobre amor.

Rodrigo Tavares, ou Esteban, entra numa nova fase que o coloca na linha desses artistas respeitados e sem grande reconhecimento popular. Dá para arriscar que ele se sairia bem em parcerias com Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz.

¡Adiós, Esteban! não é um disco de bastidores. É um disco protagonista que aponta novos horizontes de Rodrigo Tavares. A ideia é que o projeto não dê “adeus”, como registra o nome, e retorne num outro momento. Seja bem vindo, Esteban.

 

Download do disco: http://www.adiosesteban.com.br

13
nov
11

Kanye West faz show grandioso e produzido no SWU 2011

Kanye West é egocêntrico e não nega isso. Já declarou que é o “Elvis Presley do hip hop” e “porta-voz da geração”. No primeiro dia de SWU Music and Arts Festival 2011, o rapper mostrou a que veio através de uma apresentação bem produzida e bastante aplaudida. A introdução do show começa com várias bailarinas vestidas em plumas dançando ao som instrumental de “H.A.M.”, parceria de Kanye e Jay-Z. Logo de cara, o rapper ganha a plateia com “Power”, do último disco My beautiful dark twisted fantasy (2010) e começa o show repleto de autotune – marca característica de seus discos – e pouquíssimo playback.

Kanye West começa a apresentação no meio do público

No telão, o cenário greco-romano de três estátuas formou o ambiente para todas as bailarinas que dançavam incansavelmente durante quase todas as canções. Falando pouco, mas cantando muito, Kanye West ganhou o público com sua imposição. Divido em atos, a apresentação contou com canções como “Monster” – que perdeu um pouco do poder sem Jay-Z e Nicki Minaj – e “Stronger”, uma das que mais animou o público (veja http://www.youtube.com/watch?v=ZFxBe_fyOrU ).

“Love lockdown”, música poderosa, foi talvez a mais fraca da apresentação, mas “Heartless” e “All of the lights” reanimaram a plateia – nessa última, direito a uma rápida participação de Fergie (Black Eyed Peas) para fazer um esquenta. Também estavam no set list menções a “Run this town”, música de Jay-Z, e “E.T” de Katy Perry, canções que Kanye fez participações.

Cenário de Kanye West é contemplado com imagens de estátuas

Após noventa minutos de peças de dança e rimas, talvez Kanye West tenha pecado justamente no final do show ao apresentar uma de suas mais fortes canções: “Runaway”. Depois de realizar um alongamento desnecessário da música, ele encerra o show dando a mão aos músicos e agradecendo. No ínterim, uma apresentação ambiciosa e bem produzida, provando que Kanye West não é um rapper de empate e sim um rapper completo.

@misaelmainetti / misaeljornalista@gmail.com

19
set
11

Resenha do álbum “Neighborhoods”

Blink-182 está de volta com disco novo

“Neighborhoods” é o resultado de dois momentos da banda

“Blink-182 is back”. Essa frase é icônica, poderosa e muito feliz. O novo disco “Neighborhoods” já não é icônico, não é nada poderoso e é feliz em partes. É impossível analisar o novo trabalho do trio sem fazer comparações com o último disco (Blink-182 – Blink182) e tudo o que rolou nesse meio tempo: o guitarrista Tom com a “tentativa indie” no Angels and Airwaves (AVA), o baixista Mark e o baterista Travis na excelente continuação do punk californiano com o +44 e as apostas solos de Travis na união da “bateria e do hip hop”.

A capa de “Neighborhoods” é totalmente metropolitana, mas nada lembra os álbuns anteriores. Começando com “Ghost on the dance floor”, Travis Barker sempre excelente na bateria e Tom fazendo analogias à sua personalidade, ou seja, AVA.

Em alguns momentos, a voz nasalada de Tom Delonge soa bastante enjoativa e, em outros momentos, soa bastante certeira. O disco passeia bastante pelo punk californiano, marca registrada do grupo, e também tem seus momentos nonsense através da boa utilização dos sintetizadores.

Quando o trio lançou “Up all night” como single, a música não fez sentido. É boa e apenas isso. Mas ela se completa totalmente com a anterior “Natives” que lembra os discos antigos do Blink-182.

“Neighborhoods” é o pastiche (entenda colcha de retalhos) de dois momentos: é a sucessão natural de “Blink-182 – Blink182” e as influências não muito bem encaradas do AVA.

Andando na contramão da introdução escrita, “Neighborhoods” é feliz em algumas letras, embora insira continuamente algumas passagens sombrias no disco, mas é a certeza de que o trio está feliz com a reunião. Não é nada poderoso, pois não apresenta nenhum clímax – talvez as músicas finais do disco sejam as melhores. Dessa forma, não entrega, de modo algum, um trabalho icônico como sempre fizeram anteriormente. Mas é a certeza de que a cor cinza combinou com a capa.

@misaelmainetti

06
jun
11

O segredo de X Men First Class é a união da fantasia e da realidade

Produzir e dirigir um longa metragem sobre mutantes não é fácil, afinal, o tema não atrai todas as pessoas. Mas X Men Primeira Classe (X Men First Class, Estados Unidos, 2011) foi especificamente produzido e dirigido para agradar os amantes e os não amantes dos mutantes.

Os dois primeiros filmes X Men, dirigidos por Bryan Singer (Valkyrie, Superman returns) – com destaque principalmente para o segundo filme -, deram início ao gênesis dos bons (e maus) filmes baseados em quadrinhos. O segredo em todos os filmes X Men está em tratar o gênero não apenas como mera fantasia, mas inseri-lo no contexto dramático e trazer isso tanto para a realidade da história dos mutantes como para a realidade do espectador. Felizmente, a história em quadrinhos dos X Men se passa profundamente em cenários reais e fatos históricos.

Matthew Vaughn (Kick-Ass, Stardust) dirigiu o terceiro longa metragem da franquia se atendo aos dois primeiros filmes e o resultado foi positivo. Então, surge o filme X Men origins – Wolverine com a direção de Gavin Hood (Rendition, Tsotsi) que não produziu um filme nos conformes da trilogia e acabou desagradando aos fãs pelo tratamento concedido ao filme.

Do apocalipse ao gênesis, a franquia parecia estar enterrada e Matthew Vaughn volta com a direção de X Men First Class para narrar, de forma dramática, a história (fictícia; é importante lembrar) do americano Charles Xavier (Professor X) e do polonês Erik Lehnsherr (Magneto). Nessa trama, que retorna às origens, o espectador tem a oportunidade de visualizar como Charles e Erik se conheceram na juventude e o que aconteceu para que ambos divergissem tanto em ideias.

Utilizando uma cena ímpar do primeiro X Men, o Primeira Classe mostra a aniquilação dos pais de Erik por parte dos nazistas e as primeiras descobertas de seus poderes. O amor se torna ódio e em uma excelente interpretação, talvez perfeita, o ator Michael Fassbender (Inglourious basterds, Centurion) mostra a que veio. Para ele, a carreira é promissora e isso não será fato. É fato. Em outra excelente interpretação, o ator James McAvoy (The last station, Wanted) como Charles Xavier, telepata, rico e “boa pessoa”, atrai Erik/Magneto para impedir os planos do nazista, mutante e vilão Sebastian Shaw, interpretado por Kevin Bacon (Me one and only, Frost/Nixon), que é capaz de absorver energia nuclear e revidá-la com a mesma intensidade. Destaque também para a interpretação de Bacon – talvez a melhor interpretação em anos.

O filme ainda mostra o acolhimento de Raven/Mística por parte de Xavier. Direção de arte fiel ao que os quadrinhos apresentam sobre Mística, a atuação de Jennifer Lawrence (The beaver, Winter’s bone) – que é lembrada pela sua última atuação em “O inverno da alma” – criou uma Mística em fase de adaptação e aceitação. A mutante não aceita sua aparência. Junto dela, em uma atuação crescente e em ótimo desenvolvimento, o “novato” Nicholas Houl (Mad max, Class of the titans, Skins), mais famoso na pele do jovem Tony na polêmica série britânica Skins, faz o papel do jovem cientista Hank McCoy/Fera, outro que está com dificuldades para aceitar sua aparência, no caso os gigantes e peludos pés de animal.

É impossível não citar as atuações em Primeira Classe.  O diretor Matthew absolutamente soube trabalhar com o elenco, com a fotografia e com a direção de arte. A fotografia do filme se une a dramaticidade da história e vários closes – tanto nos olhos das personagens quanto nas batalhas – são realizados para avivar os momentos tensos. A dinâmica e o ritmo do filme casam e resultam no sucesso.

X Men First Class se passa durante a Guerra Fria entre EUA e Rússia e não peca na direção de arte de época e nos poderes dos mutantes – desafio esse lançado quando um diretor faz um filme fantasioso. A vivacidade das cenas envolvendo Magneto é tão intensa que chega a impressionar os cinéfilos de plantão. Se mutações desse tipo existissem no mundo real (?), com certeza nos perguntaríamos se o filme é baseado em fatos reais, visto que os criadores dos quadrinhos, Stan Lee e Jack Kirby, criaram a vida inteira de cada personagem.

O segredo de X Men First Class é justamente não ter segredo. Trata-se sobre produzir um bom filme, não apenas sobre os famosos mutantes, mas um bom filme que atraia todos os públicos. O drama se uniu à fantasia de forma harmoniosa e, certamente, conhecer a história da reunião dos mutantes, e como Charles Xavier e Magneto se tornaram tão avessos, prende o espectador do começo ao fim do filme. Desse jeito, todos sairão das salas de cinema acreditando que é possível ler a mente humana e manipular campos magnéticos.

Por Misael Mainetti / misaeljornalista@gmail.com / @misaelmainetti

29
mar
11

Rock In Rio, SWU, nossos bolsos e a realidade verde e amarela

“Nunca há bons shows no Brasil!”. Muita gente sempre disse isso. Pois bem, depois do Lula, a maioria aceite ou não, o Brasil foi mudando. Ou, ao menos, a imagem do país foi se alterando no cenário mundial. Parcelamento em 80 vezes não é uma mudança também tão significativa assim, apenas dá a chance das classes C e D comprarem seus bens materiais de uma forma mais “cara” e “acessível”, mas eu divago. Isso é assunto para outro post.

Esse ano, fomos presenteados com shows para todos os gostos e desgostos, assim como eu escrevi em outra publicação. De Shakira a Iron Maiden, de Paramore a LCD Soundsystem, de 30 Seconds to Mars a U2 e Muse que estão vindo por aí. São vários shows custando preços um tanto salgados, mas eu também divago sobre isso porque ainda não é o objetivo desse post.

O U2 vem ao Brasil com a turnê 360º e a abertura dos britânicos do Muse


Rock In Rio, SWU e os nossos bolsos

No mês de fevereiro desse ano, a coluna do jornalista Lauro Jardim, no site da revista Veja, publicou um texto sobre o encontro dos idealizadores dos festivais Rock In Rio e Starts With You (SWU).  Segundo a coluna, Roberto Medina (Rock In Rio) e Eduardo Fischer (SWU) encontraram-se e entraram em acordo sobre as datas dos festivais. Também concordaram em não realizar um leilão de bandas, ou seja, disputar as atrações para seus festivais.

O Rock In Rio acontecerá no fim de setembro / início de outubro, enquanto o SWU será realizado esse ano no mês de novembro.

Mesmo assim, pergunto-me: como ficam nossos bolsos? Esses festivais não contam somente com a classe A e B, mas contam também com as classes C, D e E. Se não fosse assim, não parcelariam os ingressos em X vezes. Tanto Medina quanto Fischer são dois empresários de ponta. Medina está no ramo com o Rock In Rio em outros países há anos e tem uma bagagem inquestionável, assim como sua filha, Roberta Medina, que também assumiu a direção do festival. Eduardo Fischer criou o SWU ano passado e foi feliz em fazê-lo – mesmo com todos os problemas iniciais que um festival corre o risco de ter.

Mas como ficam os bolsos dos brasileiros. Quem ganha um salário mínimo vai conseguir parcelar ingressos e condução para ir ao Rock In Rio e, no mês seguinte, já comparecer ao SWU? Não. É fato que não. Nessa “orla” perigosa de dinheiro, me arrisco a dizer, ou a escrever, que o SWU corre o sério risco de fracassar em público. Ou apenas a classe A irá comparecer ao festival em Itu?

Segundo um amigo, já estão esgotadas várias passagens de avião para o Rio de Janeiro. Rock In Rio, pelo visto, vai bombar! É como deve ser. Mas há a necessidade de valorizar o SWU, afinal, ele trouxe uma nova perspectiva de festival no ano passado. Só para refrescar, Rage Against The Machine, Queens Of The Stone Age, Linkin Park, Joss Stone, Avenged Sevenfold; só para citar esses.

Supondo que você goste da atração de ambos os festivais, quero questionar: se você for ao Rock In Rio no fim de setembro, início de outubro; irá ao SWU em novembro também? Se não quiser justificar o motivo, apenas deixe o seu “sim” ou “não”.

Não basta publicidade para os festivais. Basta um pouco, ou muito, na verdade, da realidade verde e amarela a ser considerada.

@misaelmainetti

16
mar
11

Realidade cravada em “127 horas”

Baseado na história real de Aaron Ralston que, desde pequeno, explorava locais inóspitos junto do pai. Em abril de 2003, Aaron vai explorar o Blue John Canyon, no deserto de Utah, nos Estados Unidos. Após conhecer duas garotas que também exploravam o local, o rapaz ficou sozinho e teve o azar de ter o braço esmagado e preso por uma pedra numa parede rochosa – daí o nome do livro autobiográfico “Entre a pedra e um lugar duro”. A partir daí, a história começa: a vontade de viver.

Essa é a história de “127 horas” (127 hours, 2010, EUA). Interpretado na poderosíssima atuação, nesse longa em especial, de James Franco, o filme é um desafio, visto que a história é pequena, sem grandes acontecimentos. A marca registrada do filme é mostrar a realidade da situação.

Noite, dia, urubu, formigas, pouca água, pouca comida, rochas, alucinações e lembranças. Esses são os principais elementos do filme. Dirigido por Danny Boyle, o filme foi indicado como “Melhor filme” na premiação do Oscar 2011. “O discurso do rei” acaba sendo melhor, entre aspas, por uma série de motivos, mas eu divago. “127 horas” é um filme que deve ser assistido nos cinemas; é ideal.

A fotografia é incrível. As paisagens rochosas de Utah são registradas de modo magnífico e o mais interessante são alguns recursos utilizados. Por exemplo, para não cansarmos do “mesmo pano de fundo”, durante o filme, são utilizadas telas múltiplas. Além disso, cenas como a água subindo por dentro do canudo, a faca perfurando o braço; tudo registrado nos mínimos detalhes. Na situação de Aaron, assistir essas cenas transmite a sensação proposta de realidade. Realmente é impressionante como o diretor conseguiu conduzir uma trama de apenas uma “célula dramática” de modo tão intenso.

(Antes, atenção: não tem como não contar o final. Então, caso não queira saber, assista logo o filme e venha ler a resenha para discutirmos juntos).

A mais chocante das cenas, com certeza, é o momento em que, depois de beber várias vezes da própria urina para se hidratar, Aaron decide amputar o braço. A sangue frio. Só Truman Capote descreveria, em palavras, a cena do filme. Imagine então a cena real, vivida pelo verdadeiro Aaron.

A intenção de “127 horas” foi transmitir a sensação de realidade, da autoavaliação das nossas relações humanas e da nossa integridade física e psicológica e, principalmente, sempre avisar o local na qual estamos indo antes de sair.

Misael Mainetti

16
mar
11

A trama de “O turista” é boa, mas peca na falta de ritmo

Reúna um ator e uma atriz de Hollywood, ambos com muito prestígio e atuações exímias. À primeira vista, o resultado esperado é a perfeição. Mas não foi isso o que aconteceu em “O turista” (The tourist, Estados Unidos, 2010). Não basta reunir dois excelentes atores e jogar no meio de uma ação. Nem que a trama ocorra na belíssima Veneza.

“O turista” é um remake do filme francês Anthony Zimmer – A caçada (Anthony Zimmer, França, 2005) do diretor Jerome Salle. Confesso que não assisti esse primeiro, mas os comentários são que o filme é fraco, final inesperado para a maioria, mas nada de notável ou grandioso. Se assim for, “O turista” conseguiu criar a mesma sensação e foi fiel ao remake.

Sinopse de “O turista”: Elise Clifton-Ward (Angeline Jolie) é vigiada pela equipe do inspetor John Acheson (Paul Bettany). O motivo é que ela viveu por um ano com Alexander Pearce, procurado pela polícia devido à sonegação de impostos em torno de 700 milhões de libras. O problema: nem Elise, nem os policiais sabem como é a face de Alexander, visto que ele se fez várias cirurgias plásticas para mudar o rosto e fugir. Ele entra em contato com Elise e pede que encontre alguém com tipo físico parecido com o seu para enganar a polícia. Ela se aproxima de Frank Tupelo (Johnny Deep), professor de matemática que viaja sozinho no trem. Atraído pela beleza de Elise, aceita a oferta de ir até o hotel dela, tornando-se alvo de Redinald Shaw (Steven Berkoff), poderoso gângster que teve mais de US$ 2,5 bilhões roubados por Pearce. (Sinopse baseada no site adorocinema.com.br).

A direção de “O turista” é de Florian Henckel von Donnersmarckm, já premiado com o Oscar pelo filme “A vida dos outros”. Para constar, antes de o projeto cair na mão do diretor francês, passaram por astros como Tom Cruise, Sam Worthington, Charlize Theron, diretores como Lasse Hallstrom, Alfonso Cuaron e a unanimidade foi desistir por diferenças criativas. Será que o grupo todo não acreditou no potencial do filme?

O turista – Protagonistas coadjuvantes

Ao unir Jolie e Deep, é impossível pensar que o resultado em atuação será ruim. Errado. A atuação deles como casal foi totalmente sem “química”. Uma vez que eram protagonistas, tornaram-se figuras apagadas e coadjuvantes do filme. A história não permitiu o enlace do casal e “enterrou” a atuação de ambos. Se Jolie brilha pouco no filme, a não ser pela beleza e pelas roupas, Johnny Deep é praticamente um fantasma inexpressivo e sem graça passando pelos cantos. Culpa dele ou nossa, ele nunca mais irá se desvincular do personagem Jack Sparrow, de “Piratas do Caribe”. Em uma cena, na qual ele foge pelo telhado, é impossível não imaginar Jack ali – o jeito de correr, de andar, de coçar o bigode e tudo mais. Reforçando: a atuação indigerível do casal se dá pelo roteiro, não por culpa deles – eles atuaram conforme a história pediu.

 

O turista – Fotografia de primeira

É inegável que a fotografia e a direção de arte de “O turista” são excelentes. Os cenários em Paris e principalmente em Veneza são belíssimos. O figurino de Jolie, cerca de 12 vestidos diferentes, realmente foi muito condizente com o “clima” do filme.

 

O turista – Indicado para dar risada?

Ridiculamente indicado para o Globo de Ouro como melhor comédia e melhores atores em comédia, o filme não tem nada de engraçado. Alguns sorrisos aparecem no rosto durante o filme. No máximo, sorrisos. Ano ruim para as comédias, não era necessário pecar tanto na indicação. O filme é indicado para dar risada ou devemos rir da indicação ao Globo de Ouro?

Mais: A trilha sonora, no mínimo, é inadequada. Ou é muito irônica. Para rir também.

 

O turista – o remake correto seria diferente

“Anthony Zimmer – A caçada” já era considerado um filme sonso e ruim. Ao fazer um remake, nesse caso, espera-se uma reação por parte da direção. A trama deve ser filmada novamente caso ela desperte, de modo diferente, a atenção. E isso não aconteceu. O rekame correto seria diferente: química no casal e ação minuto a minuto. A história é muito boa, então, teria sido (quase) um sucesso.

 

O turista – O que faltou?

A história de “O turista” não é excelente, mas é boa. A ausência de “química” do casal protagonista e a falta de ação contínua que um filme de suspense exige, principalmente em clima veneziano, resultaram no longa metragem totalmente sem ritmo. Filme sem ritmo é a mesma coisa que música sem melodia. Ficou devendo. E muito!

01
mar
11

Sobre Adílson Batista, corte no “Minha vida, minha casa” e o omolete da Dilma

Ivete Sangalo é sábia ao cantar “E vai rolar, a festa, vai rolar!”. Adaptemos para: “O povo do Santos mandou avisar!”. Virou festa ser técnico do Santos Futebol Clube. Em menos de dois anos, menos de mil dias, já passaram pelo time seis treinadores (dá-lhe Vagner Mancini, Vanderlei Luxemburgo, Dorival Jr., Serginho Chulapa, Marcelo Martelotte e agora, o último deles, por enquanto, Adílson Batista). Coloquei a “manchete” entre parênteses porque é um tanto “vergonhoso”, certo?

Adílson Batista, ex técnico do Santos, atualmente sem clube

Dentro desse mesmo período, o Timão e o Tricolor (que junto dos “porcos-periquitos” nadou agora há pouco), tiveram três técnicos efetivos. O Palmeiras teve quatro.

Foram 11 partidas (5 vitórias, 5 empates e apenas 1 derrota sofrida) pelo Santos e Adílson levou um “chute na bunda”. Ao menos, nesse sentido, futebol não é igual política. Não rendeu, chute! Na política, não rendeu ao povo, permanece. Mas eu divago e fico por aqui, para não entrar nesse mérito que renderia um (enorme) post.

Pedro Luiz N. Conceição à lá (pose de) Mona Lisa

Pedro Luiz Nunes Conceição, diretor do Santos, ao admitir Adílson, disse que o ex jogador era estudioso e muito dedicado e ressaltou que não toma decisões por causa da torcida, mas sim por estratégia. Caiu em contradição. Disse que, para “preservar” o técnico, devido a má educação da torcida, Adílson estava fora. Ao menos, o técnico vai receber o valor de 1 milhão de reais pelo rompimento de contrato.

Adílson, ao menos, não teve tempo de render problema com o pseudo estrela Neymar. Diz-se que a relação foi muito curta. Pouco tempo dá nisso, não é?

Neymar nem teve tempo para conhecer o Adílson. Fica para a próxima(?)

Aliado a esse tema (direção e cortes), para quebrar o paralelismo mesmo, o programa “Minha casa, minha vida” terá corte de 5,1 bilhões de reais. É como a Jéssica, minha amiga do Jornalismo, sempre ousa dizer: “Que coisa, não?”.

Novamente, não vou estender minhas críticas ao Partido dos Trabalhadores (PT). Muito menos dar chance de falar bem do Partido Social Democrata do Brasil (PSDB), por favor (!!!). Foi a oportunidade “lógica” da oposição causar e fazer a festa. Dilma não deve ter dormido bem durante à noite e deve ter ficado com as orelhas muito vermelhas. Não faz bem para a saúde. No entanto que ontém, para aliviar o stress, fez um omelete com queijo junto da Ana Maria Braga, no Mais Você, da Rede Globo. O próximo divã da presidenta é no programa novo da Hebe, na Rede Tv, mas eu divago novamente.

Ana Maria Braga e Dilma Rousseff tomam café juntas no Mais Você

********

Sem mesmo analisar tudo “tim tim por tim tim” – falando nisso, quero muito assistir ao filme Tin Tin, dirigido pelo Spielberg; mas eu divago – consigo chegar às seguintes conclusões:

Sobre o futebol do Santos: Minha conclusão é uma pergunta, para mim, retórica: falta de competência do técnico Adílson ou falta de competência do Santos na hora de contratar um técnico?

Sobre o corte no “Minha vida, minha casa”: Continuam os investimentos integrais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) enquanto que, as despesas estão e vão crescendo mais e mais e os investimentos necessários, como o do programa, ficaram para trás. Sejam as medidas do PT “plastificadas” ou não, o programa iria ajudar bastante gente.

Sobre o omelete da Dilma: Política é como fazer omelete. Você mistura tudo (ou todos os partidos) e está pronto. Segundo telegrama obtido através do Wikileaks, Michel Temer classificou o ex presidente Lula como decepcionante. Dilma não deve ter gostado da informação do vice presidente. Mas é assim, uma “mistureba” heterogênea, centralizada em Brasília e no País e descentralizada na Ética.

O omelete da Dilma eu provo quando eu a entrevistar pessoalmente. Mas, vou pedir para a presidenta do Brasil fazer algo mais elaborado. Quem sabe uma torta de maçã!

@misaelmainetti




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