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Aos 6 anos na “boquinha da garrafa”

Alguns irão me chamar de careta, (falso) moralista ou quadrado. Não me importo. Aceito as críticas. Na verdade, gosto das críticas. Nós crescemos somente se absorvermos tudo o que é bom. E, nas críticas, também há muita coisa boa para ser sugada e devidamente aprendida.

No sábado (19), gravei algumas reportagens para o Jornal do Dia, da Tv União (aliás, você pode me assistir on line pelo www.tvu.com.br/ ). Uma das reportagens tratava sobre o Carnaval 2011 – a escolha do Rei Momo, Rainha e Princesa do Carnaval em São João da Boa Vista. Informei aos telespectadores o que ocorreu no evento e tudo conforme pedem as regras do telejornalismo – são minhas primeiras experiências na área.

Acesse: www.tvu.com.br/

Não sou fã de Carnaval. Nunca fui. Gosto de samba. Carnaval em 1920, 1930 era cultura. Ainda há quem produza cultura nesse sentido. Basta observar os carros alegóricos e toda a arte produzida pelas escolas de samba. Na minha opinião, muito dinheiro gasto em um país na qual muita gente passa dificuldades, mas também faz o sistema de turismo funcionar e crescer.

Compareci ao Centro de Integração Comunitária (CIC) para acompanhar as apresentações. As escolas de samba da cidade, animadas, gritavam, jogavam confetes, assoviavam, apitavam etc. As primeiras a entrar no palco foram as princesas mirins. Meninas de 6 anos vestidas como pede o Carnaval. Ao som da banda Herança Negra, convidada pela Prefeitura, as apresentações começaram. Opa, peraí! Eu não gostei do que eu vi!

Será mesmo saudável meninas de 6, 7, 8 anos aprenderem a dançar daquele jeito? As mini petizes, incentivadas pelos pais e por toda a comunidade, rebolavam, faziam caras e poses sensuais, desciam até o chão e tudo mais.

Em um país na qual a taxa de natalidade, digamos, não é tão controlada assim, pensei bem para escrever esse meu texto. Indaguei-me: será que eu estou virando aquele jovem de 20 e tantos anos chato, quadrado e ético demais?Não, eu não concordo com isso.

Incentivar meninas de 6 anos a dançar até o chão, modelar caras e bocas sensuais, rebolar; exibir, de um modo subliminar, os seios e tudo mais; não é saudável. Do ponto de vista psicológico, as próprias garotas criam uma personalidade sensual. Por que será que meninas de 10 ou 12 anos estão ficando grávidas?

Tudo está precoce. Antes mesmo de nascer, a criança já aprende a mamar? A televisão, por meio das novelas e programação em geral, está incentivando muito a libertinagem. Eu acredito que as crianças possam sim participar do Carnaval, mas de modo saudável, sem tanta exposição; porém é impossível que elas, vendo todas as poses – para cima e para baixo – não aprendam a fazer o mesmo!

A descoberta natural do sexo, da cobra e da perereca, do pinto e da vagina, é diferente da divulgação e aprendizagem precoce que o mundo moderno oferece às crianças

Não quero julgar ninguém. Os pais têm o poder pelos filhos. Eles decidem, teoricamente, o que é melhor para eles. Se uma mãe não vê problemas em ver sua filha aprender a rebolar até o chão, aprender a ser sensual com 6 anos e tudo mais, eu não posso chamar o Juizado de Menores e esperar que eles façam alguma coisa. Depois, só não quero ouvir reclamação de que a filha beijou de língua aos 8 anos, transou com 11 e está grávida aos 12.

Além da origem pagã do Carnaval, eu, mesmo com 21 anos, solteiro e sem filhos, já sei uma coisa: minha filha não vai descer na “boquinha da garrafa” aos 6 anos! Da minha parte, não autorizo!

@misaelmainetti


9 Respostas to “Aos 6 anos na “boquinha da garrafa””


  1. 1 fabi
    22 de fevereiro de 2011 às 2:42 pm

    Genial!

    Sou uma eterna apaixonada por crianças, lamento só de pensar que um dia possa não mais existir. Adimiro a inocência que cabe somente nelas, mas ao mesmo tempo repudio o adulto que insere em tais, a maldita malícia. É triste ver crianças com tanta inocencia nos olhos, tomadas por atitudes “sem vergonha”. Lmaentével, porem genial o seu texto.

    “minha filha não vai descer na “boquinha da garrafa” aos 6 anos! Da minha parte, não autorizo!”

  2. 22 de fevereiro de 2011 às 2:47 pm

    Cara, concordo plenamente com o que li.
    E tenho a mesma opinião que a sua – Minha filha não fará isso.
    Eu não autorizo.
    Depois acontece bem o que você disse mesmo, engravidar cedo – sem generalizar, mas na maioria das vezes é isso que ocorre!
    Fica meu repudio e uma pergunta; Será que o Juizado de Menores realmente não pode fazer nada?

    Ótimo texto e ótima abordagem!
    Parabéns!
    abraços

  3. 6 grazie
    22 de fevereiro de 2011 às 3:18 pm

    Tá, vou dar minha opinião como quase-jurista.
    Nosso país tem uma legislação de proteção à criança e ao adolescente elogiadíssima. Seria perfeita, claro, se fosse para um país de PRIMEIRO mundo. Mas estamos num país de terceiro mundo, infelizmente.
    A idéia do ECA é boa: preservar a criança e o adolescente ao máximo, dando-lhe condições para um desenvolvimento saudável. Para isto, inúmeras previsões de infrações administrativas e criminais estão previstas, objetivando punir quem maltrata ou subverte os menores.
    O problema é que as ações civis e administrativas que DEVERIAM ser tomadas são esquecidas. Ah, porque é a nossa “cultura”, expor as crianças a isto. Bah. Pra mim, quem coloca a criança numa dancinha pervertida, seminua, e estimula que ela se exiba sensualmente porque “é carnaval”, está praticando o crime do art. 240 do ECA, ou do 241-D, II, sei lá, nem lembro, mas enfim, fazer isto é de alguma forma ilícito, pronto e acabou-se. No mínimo, que o responsável seja administrativamente punido, peloamordedeus. Será que a mãe que faz isso não tem consciência que está deixando sua cria exposta, para deleite dos “pedófilos”?
    Mas não fazem isso, entende, aí a criança cresce precoce e mais cedo ou mais tarde essa falta de limites, de valores e de moral vira discussão sobre reduzir ou não a maioridade penal.
    Entendo que não teríamos jamais que entrar nessa discussão se fossem bem aplicadas, fiscalizadas e PUNIDAS as condutas desses pais libertinos.

    A criança se fantasiar, ser levada numa matinê, pra ouvir músicas infantis, pular e dançar é um direito dela. Evitar que ela se exiba entre adultos, tornando-se uma “putinha precoce”, é um dever dos pais. Desculpe aí o mau jeito, mas é que isso também me revolta.

    • 22 de fevereiro de 2011 às 3:44 pm

      Grazie,

      Concordo que, na teoria, a ideia do ECA é excelente. Mas o problema, como você mesma disse com muita propriedade, é que não há ações máximas nesse sentido.

      É uma pena mesmo. A moral começa a se alterar e tudo vira festa, barulho e gente suando.

      Obrigado por passar por aqui.

      @misaelmainetti

  4. 8 SilvanaTj
    22 de fevereiro de 2011 às 7:06 pm

    Puxa Misa,
    Isso é pura verdade.
    Eu e a Elaine aqui no trabalho
    lemos seu artigo, e realmente estamos impressionadas
    como pais que deveriam proteger seus filhos
    estão jogando-os para leões famintos.
    Hoje na hora do almoço assisti ao Jornal do Dia
    e vi a matéria. Você trabalha muito bem,
    mesmo indignado com o que vê.

    Um gde Abraço.


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